Após decisão da Justiça, um dos principais traficantes do RJ nos anos 90 deixa a cadeia

Celsinho da Vila VintĂ©m, um dos principais traficantes do Rio na dĂ©cada de 90, foi solto no inĂ­cio da tarde de hoje (19), do Complexo de Gericinó, em Bangu

Por bahiadefato em 20/10/2022 às 09:18:01

Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila VintĂ©m, conhecido como um dos principais traficantes do Rio na dĂ©cada de 90, foi solto no inĂ­cio da tarde de hoje (19), do Complexo de Gericinó, em Bangu, na zona oeste, e vai responder a processos em liberdade. A saĂ­da estava prevista para a manhã de ontem (18), mas não ocorreu.

Segundo o advogado Max Marques, que defende Celsinho, a causa do atraso foi um problema nos trâmites da consulta realizada ao Serviço de Arquivo (SARQ) da PolĂ­cia Interestadual (Polinter), para saber se o preso se encontra acautelado em razão de outros processos judiciais.

A liberação foi concedida na noite da Ășltima segunda-feira (17), após anĂĄlise do juiz da Vara de Execuções Penais (VEP), Marcello Rubioli, que verificou não haver outras penas do criminoso que impedissem a sua saĂ­da do presĂ­dio. Essa anĂĄlise era a condição para o traficante deixar a unidade prisional, conforme determinou a desembargadora Suimei Meira Cavalieri, da 3ÂȘ Câmara Criminal, quando revogou a prisão de Celsinho, na terça-feira (11) da semana passada. Na decisão, ela permitiu tambĂ©m que ele recorra em liberdade em processo no qual foi condenado a 15 anos de prisão por envolvimento em invasão da favela da Rocinha, na zona sul do Rio, durante confronto entre facções rivais em 2017.

DenĂșncia do MinistĂ©rio PĂșblico do Rio de Janeiro (MPRJ) indicou que os delegados MaurĂ­cio DemĂ©trio e Antônio Ricardo estariam à frente de um plano para incriminar o traficante pela invasão da Rocinha, para auxiliar o traficante Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, na disputa pelo controle da venda de drogas na comunidade. Com a declaração do MP, a desembargadora entendeu que Celsinho não foi responsĂĄvel pela organização da invasão na Rocinha.

O ex-titular da Delegacia de Repressão aos Crimes contra a Propriedade Imaterial da PolĂ­cia Civil MaurĂ­cio DemĂ©trio, que ficou no cargo entre março de 2018 e março de 2021, foi preso em sua casa, em um condomĂ­nio de alto padrão na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, onde foram apreendidos R$ 240 mil em espĂ©cie e trĂȘs carros de luxo blindados.

A prisão ocorreu no âmbito da Operação Carta de Corso, deflagrada no dia 30 de junho deste ano. Quando estava sendo levado para a sede da chefia da PolĂ­cia Civil, DemĂ©trio disse à imprensa que o dinheiro declarado em seu Imposto de Renda era fruto de herança. Sobre os carros, contou que somente dois eram seus e que a Corregedoria de PolĂ­cia tinha conhecimento.

O ex-titular da delegacia da Rocinha, Antônio Ricardo, alvo de mandado de busca e apreensão na mesma operação, negou a participação no plano e responsabilizou DemĂ©trio pelo envolvimento do nome dele na acusação a Celsinho. "Confio na Justiça e na minha absolvição sumĂĄria", disse em vĂ­deo divulgado à imprensa.

TransferĂȘncia

Em maio de 2017, Celsinho foi transferido do presĂ­dio federal de segurança mĂĄxima em Porto Velho, Rondônia, para a PenitenciĂĄria LaĂ©rcio da Costa Pelegrino, Bangu I, no Complexo de Gericinó, na zona oeste do Rio. O motivo da transferĂȘncia naquela Ă©poca foi o vencimento do prazo de permanĂȘncia dele na unidade federal, onde estava preso desde 2002. Apontado como fundador de uma grande facção criminosa do Rio, atualmente Celsinho estĂĄ preso na PenitenciĂĄria Lemos Brito, Bangu VI, no mesmo conjunto prisional.

Em outubro de 2016, participou como testemunha de defesa em processo contra o traficante de uma facção rival, Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, julgado por envolvimento em rebelião no Complexo de Gericinó, quando quatro presos aliados de Celsinho foram mortos. Durante o julgamento, o traficante disse que era testemunha para pagar uma dĂ­vida por ter sido mantido vivo na rebelião de 2002.

Fonte: Terra Brasil

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