A afirmação foi feita em entrevista coletiva concedida nesta terça-feira (3), em resposta após um pedido de avaliação do projeto de lei (PL) que cria um marco para o licenciamento ambiental no paĂs.
O texto aprovado no Senado – e jĂĄ encaminhado à Câmara dos Deputados – prevĂȘ a dispensa de licenciamento para atividades que não ofereçam risco ambiental ou que precisem ser executados por questão de soberania nacional ou de calamidade pĂșblica.
Além disso, o PL isenta de licenciamento os empreendimentos agropecuĂĄrios para cultivo de espécies de interesse agrĂcola, bem como de pecuĂĄria extensiva, semiextensiva e intensiva de pequeno porte.
Lula disse que não conhece de forma detalhada as regras previstas no projeto em tramitação no Legislativo.
"Quando chegar [à PresidĂȘncia], eu digo se concordo ou não com as regras aprovadas", afirmou.
Na avaliação do presidente, é natural que haja atritos, inclusive entre membros de sua equipe, em questões relevantes que envolvem os mais diversos interesses.
"Foi assim nos meus mandatos; nos governos do Fernando Henrique Cardoso, do José Sarney e de todo mundo. Sempre haverĂĄ atrito e divergĂȘncias entre as pessoas que concedem e as pessoas que querem receber. Isso vale também para crédito bancĂĄrio; vale para liberação de orçamento."
No caso especĂfico do que seria a demora para os licenciamentos ambientais concedidos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais RenovĂĄveis, o presidente lembrou que, se o Ibama der uma autorização precipitada, quem vai para cima dele é o Ministério PĂșblico.
"Então eles também tĂȘm preocupações porque tĂȘm muitas responsabilidades. É por isso que, muitas vezes, eles são muito exigentes", disse Lula.
"Claro que, se vocĂȘ fosse ministro dos Transportes, tendo o compromisso de fazer uma quantidade de obras, e um dos motivos do atraso seja o Ibama, obviamente que vai discutir com o Ibama. Se é [algo do interesse de] uma hidrelétrica, o ministro vai discutir primeiro com o Ibama. Sempre haverĂĄ atrito", disse. "E vai continuar sendo motivo de atrito", ponderou.
Lula lembrou que, quando reassumiu a PresidĂȘncia da RepĂșblica, em 2023, o Ibama tinha 700 funcionĂĄrios a menos do que tinha ao final de seu segundo mandato no Executivo, em 2010.
A diminuição do nĂșmero de servidores é, segundo o presidente, um dos fatores que explicam eventuais atrasos.
"Muitas vezes, a morosidade do Ibama não é por mĂĄ-fé, mas por falta de especialistas ou por exigĂȘncias de capacitação técnica para fazer as coisas. Se vocĂȘ não tem todas as pessoas [de] que vocĂȘ precisa, vocĂȘ demora mais", argumentou.
Fonte: AgĂȘncia Brasil