A perda de audição estĂĄ começando cada vez mais cedo. É o que advertem especialistas neste sĂĄbado (24), quando se comemora o Dia Internacional de Conscientização sobre o RuĂdo. Para muitos médicos, o ruĂdo em excesso pode ser a causa de problemas auditivos entre os jovens.
"É um problema sério. JĂĄ se constata que a perda auditiva estĂĄ começando a surgir cada vez mais cedo entre moradores de grandes cidades. E o barulho intenso e prolongado pode causar danos cada vez maiores à audição, ao longo da vida", explica a fonoaudióloga Marcella Vidal, gerente de Audiologia Corporativa na Telex Soluções Auditivas.
De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnica, o ruĂdo em ĂĄreas residenciais não deve ultrapassar o limite de 55 decibéis durante o dia, das 7h às 20h; e 50 decibéis no perĂodo noturno, das 20h às 7h da manhã. A Organização Mundial de SaĂșde (OMS) considera que são nocivos os ruĂdos constantes acima de 55 decibéis.
Para Marcella, a poluição sonora infelizmente ainda não é percebida como um mal à saĂșde. "O ruĂdo é um poluente invisĂvel que, contĂnua e lentamente, agride as pessoas", observou. Ela acredita que a geração atual, cada vez mais conectada à tecnologia, "que não larga os smartphones e videogames, dependerĂĄ mais de aparelhos auditivos no futuro".
Mudança de hĂĄbitos
Paulo Lazarini, que é ex-presidente da Sociedade Brasileira de Otologia e professor titular do Departamento de Otorrinolaringologia da Santa Casa de São Paulo, disse à AgĂȘncia Brasil que esse é um processo que vem acontecendo com a mudança dos hĂĄbitos da população, em que hĂĄ exposição a ruĂdos ambientais em situações de trabalho, nas ruas das cidades, e também no ambiente domiciliar individualmente, com uso de fones de ouvido, principalmente entre os mais jovens.
"A população hoje estĂĄ muito exposta a ruĂdos, tanto no trabalho, nas cidades principalmente, e também com os hĂĄbitos que estão sendo adotados pela população nos dias de hoje", comentou Lazarini. Ele conta que muitos jovens usam celulares para ouvir mĂșsicas com o som alto, e essa exposição a ruĂdos pode fazer com que, no médio e longo prazos, o indivĂduo tenha perda auditiva.
O professor lembra que a expectativa de vida vem aumentando e que se a pessoa não souber proteger o seu ouvido desde jovem, ela vai chegar mais facilmente à idade adulta com perda de audição. Ele explica que a exposição a ruĂdos vai, pouco a pouco, deteriorando as células que estão na parte mais interna do ouvido, chamada cóclea.
"Elas vão deixando de funcionar gradativamente e isso, com o passar dos anos, leva a uma perda auditiva. É um processo lento que vai acontecendo. Só que, à medida em que essa pessoa estĂĄ mais exposta [a ruĂdos], ela vai perdendo esses sensores que estão na posição mais interna do ouvido e, com isso, as chances de ter perda auditiva e ter dificuldades e problemas é muito maior".
Ele também chama a atenção para outros fatores, além do ruĂdo e som alto, que podem piorar a qualidade de vida do indivĂduo. Um deles é o zumbido, ou percepção sonora contĂnua, que pode provocar inclusive transtornos emocionais na pessoa.
"O ruĂdo e o som alto podem ainda aumentar a frequĂȘncia cardĂaca e causar outros transtornos por essa exposição. O ruĂdo tem influĂȘncia sobre o ouvido, mas também sobre todo o sistema nervoso e cardĂaco. Isso acaba trazendo prejuĂzos à qualidade de vida das pessoas que ficam expostas no seu dia a dia".
Fonte: AgĂȘncia Brasil